Uma opinião sincera

Quando soube que o novo livro de Dennis Lehane tinha chegado às livrarias, fiquei toda animada. Não sou exatamente uma fã de literatura policial, mas desse autor já li Sobre Meninos e Lobos e Gone Baby Gone e gostei muito. Ambos abordam o desaparecimento de crianças em circunstâncias diferentes e são histórias bem impactantes.

Tanto um quanto o outro viraram filmes, sendo que o primeiro foi dirigido por Clint Eastwood e premiou Sean Penn com o Oscar de Melhor Ator e Tim Robbins com o de Melhor Ator Coadjuvante no ano de 2004. O segundo filme recebeu no Brasil o título de Medo da Verdade e foi dirigido por Ben Affleck. O elenco tem ótimos atores, como o irmão do diretor Casey Affleck, Morgan Freeman, Ed Harris e Amy Ryan, que concorreu ao Oscar de melhor atriz em 2008.

Apesar da pilha de livros que me aguardava em casa, não resisti ao ver Depois da Queda na seção de lançamentos. Lembrei dos livros que tinha para ler, mas nenhum deles me apetecia. Era como se pudesse escolher entre comida italiana, japonesa ou churrasco, quando na verdade eu desejava um acarajé. E, naquele momento, o meu “paladar” aguava por um bom suspense. O funcionário do caixa só fez reforçar a minha escolha ao comentar: “excelente leitura para se fazer no final de semana”.

Eu sabia que não iria conseguir ler um livro de quase 400 páginas em apenas dois dias, muito menos quando pretendia assistir a alguns filmes concorrentes à premiação do Oscar marcada para o próximo domingo. Além disso, queria ver os finais das últimas temporadas no Netflix de Merlí e Club de Cuervos. Mesmo assim, encontrei uma brecha para iniciar a leitura de Depois da Queda.

A história arrancou muito bem, capturando o meu interesse logo no início com a consumação de um assassinato. Depois, a narrativa retrocedeu à época em que a personagem principal, Rachel, procurava incessantemente descobrir quem era o pai, e sofreu um colapso nervoso durante uma transmissão ao vivo na TV. Este episódio terminou não só com a promissora carreira de jornalista como também com o seu casamento.

Psicologicamente destruída, Rachel afastou-se dos amigos e buscou refugio trancando-se em casa. Os meses se sucederam, mas ao precisar sair para assinar os papéis do divórcio, acidentalmente reencontrou alguém que conhecera no passado. Uma relação bonita se iniciou entre os dois, culminando em um novo casamento para ela. Com paciência o marido aceitava os ataques de pânico que aprisionavam Rachel em casa.

Um dia, depois de muita insistência, ela saiu para almoçar fora com uma amiga. Ao retornar para casa, Rachel presenciou algo que fez a história virar de cabeça para baixo.

O problema é que a partir deste ponto a primeira parte da narrativa meio que se tornou dispensável. Como se uma nova história, de ritmo bem mais nervoso mas desconectada da anterior, começasse de fato.

Para quem já escreveu histórias tão marcantes como a dos livros mencionados anteriormente, a de Depois da Queda é, a meu ver, totalmente absurda. Isto para não falar do final que é bem inverossímil.

Acredito que se for levado às telas do cinema, Depois da Queda até pode funcionar como uma distração interessante. A regra é de primeiro ler o livro para depois se ver o filme, mas neste caso é totalmente desnecessário.

 

  • Depois da queda

Dennis Lehane

Companhia das Letras

R$ 54,90

E-book R$ 37,90

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