Coincidências existem? Uns acreditam que sim e outros dizem que não.
O último comentário que escrevi no blog foi sobre O último livro, cuja trama gira em torno das mortes misteriosas ocorridas dentro de uma livraria. Por isso, achei curioso o pequenino texto que encontrei no livro Escrever melhor – guia para passar os textos a limpo.
Três velhinhos viviam juntos. Um dia, um deles morreu. A polícia chegou para saber o que tinha acontecido. O mais falante explicou:
– Ele pegou aquele livro azul e começou a ler. Empalideceu. Suou. Ficou avermelhado, depois roxo e morreu.
Dois dias depois, outro do trio deu adeus à vida. A polícia voltou ao local. O sobrevivente contou:
– Aconteceu a mesma que da outra vez. Ele pegou aquele livro azul, abriu-o, começou a ler. Empalideceu. Suou. Ficou avermelhado, depois roxo e morreu.
O delegado, impaciente, ordenou ao velhinho:
– Apanhe o livro e leia.
Ele seguiu a ordem. Empalideceu. Suou frio. Ficou avermelhado. Quando o roxo se anunciou, tiraram a obra da mão do coitado, fizeram-lhe massagem no coração e perguntaram:
– O que tem esse livro?
– Ah, doutor, o problema não é ter. É não ter.
– Como assim?
– O livro não tem nem uma vírgula, nem um ponto, nem um travessão, nem um parêntese!
Conclusão: a ausência de pontos, vírgulas & Cia. mata mais que pneumonia.
Convenhamos, não é todo o dia que dois textos de estilos tão diferentes apresentam um livro como o “assassino” de seus leitores. Haja coincidência!
- Escrever melhor – guia para passar os textos a limpo
Arlete Salvador & Dad Squarisi
Editora Contexto
R$ 29,90 (edição de bolso exclusiva na Livraria Cultura por R$ 14,90)