
Se em tempos de vacas magras já não é fácil um autor (a) novato (a) ser publicado no Brasil, imagine em tempos de vacas esquálidas.
Por essa razão parabenizo a editora Oito e Meio que, além de garimpar novos talentos, mostra o caminho das pedras através de cursos on-line como o Carreira Literária.
Recentemente conheci dois novos escritores brasileiros: Leonardo Villa-Forte e Martha Batalha.
Cheguei até ao primeiro quando me inscrevi na 1ª turma do Carreira Literária e quis saber quais eram os autores que faziam parte do catálogo da editora.
Leonardo é autor veterano, já publicou pela Oito e Meio um livro de contos, e no final do ano passado lançou o seu primeiro romance cujo título achei muito bonito: O princípio de ver histórias em todo o lugar. Foi esse o livro que eu li.
Ele conta a história de um publicitário que se sente rejeitado pela namorada, quando ela vai fazer um curso no exterior durante três meses. Para tentar esquecê-la e conhecer outras pessoas, decide montar no seu apartamento uma oficina de Criação Literária, mesmo sem ter aptidão para isso.
No decorrer do curso, o professor começa a acreditar que os contos escritos pelos alunos expõem, na verdade, os desejos inconfessáveis de cada um deles. A reunião final do grupo termina de forma surpreendente.
Soube de Martha Batalha através de uma nota que saiu em um jornal paulista. Fiquei curiosa porque a autora apesar ter pertencido ao mundo editorial brasileiro, e na época ter reeditado escritores de qualidade como Millor Fernandes, não conseguiu o apoio de seus pares quando quis publicar o seu primeiro romance.
Só depois de ter os direitos comprados por várias editoras estrangeiras é que a Companhia das Letras percebeu que estava deixando escapar uma boa novidade literária.
A maior parte de A vida invisível de Eurídice Gusmão transcorre nos anos quarenta do século passado na Tijuca, reduto da classe média carioca. De maneira perspicaz e com muito humor a autora narra a jornada das irmãs Eurídice e Guida que não desistem de buscar um sentido para suas vidas, mesmo depois de verem diversos de seus planos e sonhos desfeitos.
Outros personagens gravitam ao redor das duas irmãs e são descritos de forma sucinta e inteligente, como Zélia a vizinha: Do pai ela herdou o gosto pela notícia, da mãe a vida restrita ao lar. Do mundo ganhou desgostos, do destino a falta de escolhas. Formou-se assim a essência da fofoqueira.
Não chego a ser tão entusiasta quanto a jornalista Cora Rónai que considerou “A Vida Invisível de Eurídice Gusmão” como um dos melhores livros que leu este ano. Entretanto, acho totalmente despropositada e injusta a crítica de Camila von Holdefer, publicada no mesmo jornal paulista que me apresentou à autora. Segundo ela, trata-se de um romance opaco e banal. Definitivamente não compartilho com sua opinião!
Quando as pesquisas mais recentes informam que os brasileiros não leem por falta de tempo, gosto e paciência, o comentário mal humorado da colaboradora faz um desserviço aos poucos leitores que procuram conhecer e compram livros de autores brasileiros, principalmente, os novatos.
- O principio de ver histórias em todo lugar
Leonardo Villa-Forte
Editora Oito e Meio
R$ 39,90
- A vida invisível de Eurídice Gusmão
Martha Batalha
Editora Companhia das Letras
R$ 39,90
E-Book R$ 27,90
Curtir isso:
Curtir Carregando...