Assim é a vida. Há os que apoiam e os que discordam, os que aplaudem e os que vaiam, mas recentemente os brasileiros se uniram para elogiar as Paraolimpíadas realizadas no Rio de Janeiro.
Durante onze dias, atletas de diversas nacionalidades e com as mais variadas limitações físicas se superaram em provas que a maioria da população nem se arrisca a praticar. Foco, entusiasmo, determinação, perseverança foram atributos que inspiraram e nos forçaram a refletir sobre o que está sendo feito e o que precisa melhorar para acolher os portadores de deficiências físicas e mentais no dia a dia de uma cidade.
Por essa razão, gostei da feliz coincidência de O gosto do morango, escrito pela baiana Nathalie Guerreiro, ter sido lançado nessa época.
Com muita sensibilidade a autora conta como foi a adaptação de Eduarda, uma menina com dificuldades de locomoção à nova escola. Na verdade foi uma dupla adaptação, porque ela também havia mudado de país.
A primeira reação das crianças não foi das mais simpáticas. A chegada de quem é diferente ou estrangeiro, num grupo onde todos se conhecem, costuma gerar desconfiança.
Mas o gesto de amizade de uma colega fez com que os demais se aproximassem de Eduarda e, ao conhecê-la melhor, deixassem o estranhamento de lado e a incluíssem na turma.
Pode ser feito um paralelo entre o legado das Paraolimpíadas e a mensagem de O gosto do morango. Ambos estimulam a inclusão e nos fazem refletir sobre como uma sociedade se prejudica quando adota um comportamento acomodado e excludente.
Está mais do que na hora de acolhermos as diferenças dos outros para que eles passem a ser nós.
- O gosto do morango
Nathalie Guerreiro
Ana Maria Moura (ilustrações)
Solisluna Editora
R$ 49,90