Delicadamente acaricio o suave relevo das letras do título O Menino Enrolado. Como se não conhecesse a história, releio-a através do olhar de Ana Verana, a ilustradora. Detenho-me no meu desenho favorito – a menina sentada no chão, lendo um livro com as pernas cruzadas– e sorrio agradecida. Que belo trabalho ela fez!
Meu gosto pela literatura infantil está muito ligado ao poder sedutor das imagens. Acredito que se cativarem uma criança, é meio caminho andado para que ela se interesse pela história e, depois, por uma infinidade de outras mais.
Mas uma bela ilustração não estimula apenas a imaginação de uma criança, ela também pode atiçar a curiosidade de um adulto. Pois foi o que me aconteceu quando li “Oi au-au!” de Adam Stower, publicado no Brasil pela Brinque-Book.
O livro conta a história de uma menina que certa manhã vê no jardim um cachorro perdido. O bichano era na verdade um urso fujão. Encantada, a garotinha vai ao seu encontro enrolada em um cachecol bem comprido. Ela o usa não só para se esquentar, mas também para amarrar o novo amigo e o levar para casa. O cachecol é enorme e as franjas, que se arrastam pelo chão, me lembraram uma luva. Claro que essa não era a intenção do ilustrador, mas eu olhava para aquele cachecol comprido e pensava em um braço longo, bem longo. Um braço rastejante!
Toda a vez que eu relia aquela história as idéias pipocavam: Como seria se alguém tivesse um braço assim? O que teria que fazer para ninguém pisar nele? E por que será que o braço crescera tanto, enquanto o outro continuara normal? Talvez porque tivesse sido bem mais utilizado do que o outro, eu pensava. Mas, por que isso acontecera? Ora… Porque estava sempre esticado para agarrar alguma coisa. Mas quem quer pegar tudo o que vê? Crianças, claro! E… corruptos, mas esses são personagens impróprios para uma história infantil.
De tanto ver as ilustrações desse livro, pouco a pouco, O Menino Enrolado foi tomando forma na minha cabeça. A história de um menino que tinha tudo o que queria, mas não sabia brincar. Um menino preso no próprio egoísmo, que só começou a fazer amigos depois de descobrir que compartilhar pode ser bem divertido.
Se Medhá gostou de dividir seus brinquedos com outras crianças, eu fiquei muito feliz por fazer o mesmo com a artista plástica Ana Verana. O resultado não poderia ter sido mais bonito.
Obrigada Editora Caramurê por apostar nessa parceria e por colocar O Menino Enrolado nas mãos de tantas crianças.
Ah, não poderia deixar de agradecer ao autor de “Oi Au-Au!” – sem o cachecol comprido de Lili, O Menino Enrolado não teria existido.
Na próxima quinta-feira, dia 26 às 18h, aguardo todos vocês para o lançamento do livro no box da Editora Caramurê, localizado no Piso 1 do Shopping Barra – Salvador. Até lá!
- O Menino Enrolado
Paula Piano Simões
Ana Verana (Ilustrações)
Caramurê Publicações
R$ 39,00