Gostei muito de Mortais – Nós, a medicina e o que realmente importa no final, escrito pelo médico norte-americano Atul Gawande. Quando terminei de ler queria conversar sobre ele e indicá-lo a todo o mundo. Reconheço, no entanto, que para muitas pessoas o tema pode ser difícil de encarar.
É fato incontestável que nossos pais estão vivendo mais que nossos avós – não porque receberam uma boa herança genética, mas por causa dos fantásticos avanços da medicina. E se a minha geração não fizer muita besteira, com certeza, viverá por um periodo de tempo bem maior que a deles.
E é sobre esse longo envelhecer que precisamos refletir: Como fazer que a vida continue valendo a pena mesmo quando estamos fragilizados, debilitados, e não podemos mais nos virar sozinhos?
Nas faculdades os médicos aprenderam a salvar vidas, a consertar um orgão que começa a falhar, priorizando sempre a segurança e a sobrevivência do paciente.
Não que isso seja errado, mas é preciso ter em mente que uma vida só tem sentido quando ainda lhe é permitido realizar as próprias vontades, por mais singelas que sejam.
Vale a pena viver em um lugar cercado de cuidados e regras, que retiram do idoso os pequenos prazeres da vida, fazendo com que ele se sinta como se vivesse numa prisão?
Vale a pena sofrer uma e mais outra intervenção cirúrgica, quando se sabe que elas não irão curar nem devolver ao paciente a qualidade de vida que ele tinha anteriormente?
O que torna a leitura de Mortais tão interessante é que coloca o idoso ou o paciente no papel de protagonista ao perguntar: “Ei! Você pode estar fragilizado e precisando de ajuda, mas estamos falando de sua vida, da sua história. Por favor, diga-nos como gostaria que ela fosse conduzida.”
Verdade que nunca foi fácil falar sobre a morte, mas se se tivermos a coragem de dizer como gostaríamos de morrer estaremos falando como pretendemos viver até o dia em que Ela nos encontrar.
- Mortais – Nós, a medicina e o que realmente importa no final
Atul Gawande
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