Fazia algum tempo que não lia nada do escritor peruano Mario Vargas Llosa. Por essa razão mergulhei de cabeça em Cinco Esquinas.
A força erótica do primeiro capítulo me pegou de surpresa. Uau, o que mais estava por vir?
Numa leitura eletrizante, veio chantagem, difamação, corrupção, violência, mais sexo e um assassinato. Tudo muito bem embrulhado nas páginas de uma revista de imprensa marrom.
A história pode ser ficcional ou uma mistura de várias, mas retrata a atmosfera sufocante vivida durante o governo autoritário do presidente peruano Fujimori.
Sob a supervisão de seu braço direito, o general Vladimiro Montesinos, reputações foram destruídas, prisões e torturas foram efetuadas, e dissidentes eliminados.
Em entrevista à Revista Época – Negócios, Vargas Llosa confirmou que Cinco Esquinas complementou de forma romanceada o ensaio “A Civilização do Espetáculo”, publicado anteriormente.
Neste livro ele faz uma dura crítica à sociedade globalizada e intelectualmente preguiçosa, que se preocupa apenas em consumir sem qualquer critério ou reflexão. Nunca se soube de tanto e de tão pouco ao mesmo tempo.
Como escritor, Vargas Llosa defende a liberdade de imprensa, o debate esclarecido e honesto de idéias, e tem ojeriza a qualquer tipo de censura.
Muito o incomodou ver proliferar em seu País periódicos manipulando e escamoteando notícias para servir os interesses políticos e pessoais do governante. Sua resposta a essa prática desprezível está em Cinco Esquinas.
Mais triste é constatar que tal atitude se espraia como erva daninha por todos os continentes, e quão poucas pessoas têm interesse em confirmar se o que está sendo publicado corresponde à verdade.
Vivemos a era da Pós-Verdade – eleita a palavra do ano (mais um modismo) – aquela que espalha inverdades e faz de um farsante um presidente da república.
- Cinco Esquinas
Mario Vargas Llosa
Editora Companhia das Letras / selo Alfaguara
R$ 49,90