Depois de passar algumas horas tensa e por vezes bem angustiada com a leitura de Dias Perfeitos, finalmente terminei o livro com um sorriso e um pensamento: Que história mais louca, muito louca mesmo!
Raphael Montes é um jovem escritor carioca com uma imaginação para lá de fértil. Já no primeiro parágrafo o leitor entra numa montanha russa e só quem tiver estomago forte conseguirá enfrentar as 274 páginas de um fôlego só. Eu não consegui. Por diversas vezes parei e pus o livro de lado, para logo depois ser vencida por uma curiosidade mórbida e retomar sua leitura.
O personagem principal é Théo, jovem estudante de medicina, ensimesmado e com dificuldades de relacionamento não só com a mãe mas também com colegas e professores. Théo só gosta de Gertrudes, o cadáver que disseca nas aulas de anatomia.
Desejando que o filho socialize um pouco mais, a mãe o obriga a acompanhá-la a um churrasco, mesmo sabendo que ele é vegetariano. Sentindo-se deslocado, Théo se afasta do burburinho da festa e é abordado por uma jovem ligeiramente ébria. Clarisse é amistosa, cheia de vida e pela primeira vez na vida ele se sente irremediavelmente atraído emocionalmente por uma mulher.
Trocam comentários banais, como o que cada um está estudando na faculdade. Clarisse diz que escreve um roteiro para cinema, Dias Perfeitos, e quem sabe um dia o mostrará para ele. Com um beijo rápido na boca despede-se de Théo, sem saber que um psicopata acabara de se apaixonar por ela.
Mil vezes me perguntei se estava gostando ou não do livro e se não seria melhor largar este suspense aflitivo. Por fim, venceu o autor, que me prendeu com seus diálogos ágeis, trama repleta de reviravoltas e final surpreendente.
- Dias Perfeitos
Raphael Montes
Editora Companhia das Letras
R$ 35,00
E-Book R$ 24,50