Bia Onofre é uma escritora paulista que merece ser conhecida. Gostei do seu primeiro livro, Restos de Nós (premiado pela Fundação Biblioteca Nacional), e agora ela se superou. A temática de “Arroz, feijão, crimes e farofa e O banquete das hienas” é bem diferente do livro anterior. Se Restos de Nós era um romance histórico e transcorria entre duas épocas cronologicamente distintas, este é bem atual e espirra sangue para todos os lados.
Na verdade são dois títulos reunidos no mesmo volume. O primeiro engloba vinte contos, ao mesmo tempo, brutais e belos. Estranho não? Como é possível encontrar beleza naquilo que é abjeto ou cruel? Pois a escritora consegue essa proeza. A linguagem literária é limpa, quaisquer excessos e penduricalhos foram eliminados, e a violência é descrita no osso. Os horrores são viciantes, difíceis de serem esquecidos.
Segundo Bia Onofre, as histórias são ficcionais, mas para o leitor instala-se a dúvida. Cometidos por pessoas comuns, iguais aquelas com quem esbarramos todos os dias, passamos a olhar para os vizinhos com mais cuidado. Será que esse rapaz tão simpático esconde alguma coisa, e o gerente de banco, e o menino de rua? Quantas maldades perambulam por aí que nem desconfiamos?
A segunda parte do título, O banquete das hienas, reúne mini e nano contos. A temática é a mesma. Só que, desta vez, alguns explicitam aquilo que pensamos ou gostaríamos de verbalizar e realizar… caso fossemos psicopatas.
“Tentei explicar que o problema era no hardware, mas ele não me ouviu. Culpa do Windows, alegou. Foi fechando os programas, precisava formatar.
Não me perguntou se eu tinha back-up. Arremessei lá de cima. Pela única janela que o analista havia deixado aberta.”
Raphael Montes que se cuide. Bia Onofre chegou com vontade de dividir com ele o espaço dedicado às histórias de crime e horror.
- Arroz, feijão, crimes e farofa e/ou O banquete das hienas
Bia Onofre (biaonofre@hotmail.com)
Giostri Editora
R$ 30,00