Quanta coragem! Foi esse o primeiro pensamento que tive em relação a Queria ver você feliz de Adriana Falcão.
São raríssimas as pessoas que expoem sem pudor os dramas familiares. Não foi esse, no entanto, o caminho escolhido pela autora.
O segundo pensamento foi achar inadequada a utilização das muitas cartas – que o pai e a mãe trocaram entre si – como estrutura do livro. Considerei a transcrição das mesmas uma escolha preguiçosa.
Termo forte não? Mas Adriana Falcão tem um jeito de escrever tão belo e sensível, por que não contar com suas próprias palavras a sofrida história de amor dos pais?
A correspondência era banal, sem qualquer pretensão literária, retratava apenas, e com veemência, os sentimentos que cada um nutria pelo outro. E como todas as cartas de amor, por vezes, seguiam a definição do poeta, eram exageradas e “rídiculas”.
Também não me agradou a escolha do narrador da história: O Amor. Imediatamente visualizei um cupido brincalhão e rosado atirando flechadas a torto e a direito.
Definitivamente começara Queria ver você feliz com o pé esquerdo.
Mas e há sempre pelo menos um “mas”, à medida que avançava na leitura percebia que ela perderia muito da sua força dramática se a autora tentasse usurpar as vozes dos pais, recriando-as ou tentando explicá-las.
Até com a escolha do narrador acabei por concordar. Afinal, quem melhor do que o Amor para contar uma história da qual participou ativamente?
O Amor não escolhe um lado, não censura, nem faz julgamentos (como uma filha poderia fazer), apenas aprova e aplaude. Ele faz apenas uma exigência, que a entrega dos parceiros seja mútua e incondicional.
Queria ver você feliz é o relato corajoso de uma bonita e triste história de amor. Mas, afinal, quando genuínas não são elas quase sempre assim?
- Queria ver você feliz
Adriana Falcão
Editora Intrínseca
R$ 34,90
E-Book R$ 14,90