Em 2020 comemora-se o centenário de nascimento daquele que revolucionou a literatura infantil contemporânea, o escritor italiano Gianni Rodari,
Suas histórias são criativas, surpreendentes e encantadoras. Não há ideia com a qual ele não brinque e, depois, vire de ponta-cabeça.
Tanta originalidade rendeu-lhe, em 1970, o prestigiado Prêmio Hans Christian Andersen, considerado o Nobel da Literatura Infanto-Juvenil.
No momento, delicio-me com as Fábulas por telefone. Muitas vezes me peguei rindo sozinha. Elas são contadas por um pai que, precisando viajar a trabalho, ligava todas as noites no mesmo horário para a filha e contava uma história para ela dormir. A maioria é bem curtinha porque, naquela época, as ligações telefônicas custavam caro.
O escritor desenvolveu o talento para contar histórias quando foi professor de escola primária, e, mais tarde, ao trabalhar como jornalista começou a escrever para as crianças.
Por ter vivido os horrores da Segunda Guerra Mundial, Gianni Rodari era um pacifista e procurou transmitir esse sentimento em muitas de suas narrativas.
Um e sete
Conheci um menino que era sete meninos.
Ele morava em Roma, se chamava Paolo e seu pai era condutor de bonde.
Mas ele também morava em Paris, se chamava Jean e seu pai trabalhava numa fábrica de automóveis.
Mas ele também morava em Berlim, e lá se chamava Kurt e seu pai era professor de violoncelo.
Mas ele também morava em Moscou, se chamava Yuri, como Gagarin, e seu pai era pedreiro e estudava matemática.
Mas ele também morava em Nova York, se chamava Jimmy e seu pai tinha um posto de gasolina.
Quantos eu já disse? Cinco. Faltam dois: um se chamava Chu, morava em Xangai e seu pai era pescador; o último se chamava Pablo, morava em Buenos Aires e seu pai era pintor de paredes.
Paolo, Jean, Kurt, Yuri, Jimmy, Chu e Pablo eram sete, mas eram sempre o mesmo menino, que tinha oito anos, já sabia ler e escrever e andava de bicicleta sem por a mão no guidão.
Paolo era moreno, Jean era loiro, e Kurt tinha cabelo castanho, mas eles eram o mesmo menino. Yuri tinha a pele branca, Chu tinha a pele amarela, mas eles eram o mesmo menino. Pablo via filmes falados em espanhol e jimmy em inglês, mas eles eram o mesmo menino, e riam na mesma língua.
Agora os sete cresceram e não vão poder fazer a guerra, porque todos são um só homem.
Nós, adultos, precisamos ler Gianni Rodari urgentemente!
set 03, 2019 @ 11:14:45
Que massa! Brinca com a própria escrita. Isto vai me ajudar a deslanchar a minha. Obrigada!