As resenhas não podiam ser mais elogiosas e O Segredo do Oratório foi recomendado por uma livreira cujo gosto literário costuma bater com o meu.
O tema também era interessante e cercado de mistérios: a história dos judeus perseguidos pela Inquisição que escolheram o nordeste brasileiro como sua nova pátria. Sob a dominação holandesa viveram tranquilos por quase duas décadas, mas quando estes, em 1654, foram expulsos pelos portugueses, a intolerância religiosa voltou a reinar. Alguns judeus preferiram se embrenhar pelo sertão nordestino, mas aqueles que haviam se convertido ao catolicismo e voltaram a praticar o judaísmo foram encarcerados e enviados de volta a Portugal para serem julgados e condenados sumariamente pelo Santo Ofício.
O romance, propriamente dito, começa no início deste século narrando os esforços de uma jovem paraibana para recuperar a memória de seus ancestrais cristãos-novos. Ela procura provar sua legitimidade como judia e, assim, não precisar passar pelo ritual ortodoxo da conversão.
No entanto, á medida que lia O Segredo do Oratório, me perguntava se estava gostando ou não da leitura.
Se por um lado aprendi bastante, ao ponto de achar que o livro deveria ser adotado como leitura interdisciplinar pelos colégios brasileiros, por outro senti falta de certa leveza literária. Por diversas vezes tive a impressão de estar participando de uma palestra, na qual a autora introduzia as histórias paralelas dos personagens apenas como forma da plateia poder repousar e absorver todas as informações recebidas.
Apesar do didatismo encontrado em O Segredo do Oratório a autora consegue prender atenção do leitor até o final, ao mesmo tempo que resgata a desconhecida herança judaica na formação do povo brasileiro.
- O segredo do oratório
Luize Valente
Editora Record
R$ 45,00 (esgotado no momento)
E-Book R$ 27,00